Vida longa para a cana-soca
Leonardo Ruiz
Na safra passada, a idade média dos canaviais do Centro-Sul atingiu um patamar nunca visto: 3,79 anos. Na comparação, os ciclos 2014/15 e 2015/16 registraram valores relativamente mais baixos (3,33) e muito mais próximos do ideal (3,5). Segundo a Canaplan, a tendência é de piora para a safra atual, com uma idade média que ultrapasse 3,8 anos.
![]() |
| Aumento da participação de canaviais de quarto, quinto e demais cortes. Fonte: Canaplan |
Podemos afirmar que esse envelhecimento é fruto de um setor ainda em crise. A baixa remuneração aliada aos altos custos de plantio de cana-de-açúcar – que beiram os R$ 6 mil por hectare - impede o aumento das taxas anuais de renovação. São raras as usinas e agrícolas que reformam mais do que 12% de suas áreas anualmente. Com um plantio muito aquém do ideal, é normal que o número de canaviais de primeiros cortes esteja abaixo da média histórica e os de cortes mais avançados, acima.
![]() |
| Participação dos cortes na área colhida da safra 2018/19. Fonte: Canaplan |
De acordo com Ciro Mendes Sitta, consultor da Canaplan, as socarias acima do quarto corte vem ganhando representatividade ano a ano. “Na safra 2014/15, 38% da colheita no Centro-Sul foi realizada em canaviais acima do quarto corte. Número este que só cresceu desde então, chegando a 55% no ano passado.”
Para o profissional, um reflexo natural desse envelhecimento são quedas acentuadas nas produtividades médias dos canaviais. “A alta idade da lavoura aliada a um ano extremamente seco, como o registrado no ano passado, derrubou a produtividade agrícola média do ciclo 2018/19 para 73 t/ha.”
![]() |
| Produtividade agrícola X Idade média dos canaviais. Fonte: Canaplan |
No entanto, um canavial de corte avançado não deve – e nem pode – significar baixas produtividades. Alto investimento e a atenção à detalhes não podem ser exclusivos da cana-planta, já que pouco adianta ter um canavial produtivo no primeiro e segundo corte e depois assistir à produção descer ladeira à baixo. O ideal é manter a alta produtividade por muitos anos, como já é o caso de diversos produtores, proprietários de áreas de 14 ou 15 cortes com produtividades acima da média nacional.
| Para Ciro Mendes Sitta, um reflexo natural do envelhecimento são quedas acentuadas nas produtividades médias dos canaviais. Foto: Divulgação Canaplan |
O volume de cana produzida por safra depende muito de como está a socaria, afinal representa 85% dos canaviais brasileiros. Mas não é preciso mágica para ter socarias com alta produtividade por muitos anos, basta unir tecnologias, boas práticas e boa vontade. Um “arroz com feijão” bem-feito já é meio caminho andado. Plantio de mudas sadias, controle de pragas, doenças e plantas daninhas e o não pisoteio das linhas de cana são técnicas conhecidas e que devem fazer parte do dia a dia dos produtores e usinas.
Mas também é possível acrescentar novos ingredientes. Replantio de falhas de soqueira, utilização de Crotalaria spectabilis em cultivo intercalar e o uso de produtos que atuam na microbiota do solo visando aumento do sistema radicular da planta podem turbinar ainda mais sua socaria.
Essas e outras técnicas de revitalização de soqueiras podem ser conferidas na edição 60 da revista digital CanaOnline que apresenta o especial Vida Longa para a Cana-Soca. Confira clicando neste link: http://www.canaonline.com.br/conteudo/edicao-60-portal-canaonline-maio-junho-2019.html






